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Beth Moysés (imagem arquivo pessoal)

A performance “Águas transitórias”, da artista plástica brasileira Beth Moysés, propõe-lhe no dia 07 de março, às 15 horas, uma ação no claustro da Biblioteca Pública Municipal do Porto, com entrada gratuita. A performance que o público ajuda a construir, integra-se no projeto ‘(des)igualdade e violência de género’, alusivo ao Dia Internacional da Mulher.

A iniciativa está liderada por um grupo de mulheres empenhadas em realizar uma proposta alternativa, que toque à sociedade e às pessoas para produzir uma reflexão sobre a temática, através da arte. Uma mensagem esperançadora, de empoderamento das mulheres e das meninas.

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(Imagem da internet)

O maltrato e violência doméstica contra as mulheres têm se tornado um flagelo de ordem mundial, generalizado nas diversas sociedades, quanto oriental e ocidental. No Brasil, a cada 15 segundos, uma mulher é agredida, dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU, 2016). E nomeadamente em Portugal, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) afirma que, em 2015 se registou uma média de 63 crimes, onde o 84% dos casos correspondem a mulheres vítimas de violência doméstica. De acordo com o Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA-UMAR) 454 mulheres foram assassinadas nos últimos 12 anos em Portugal e houve 526 tentativas de homicídio (UMAR, 2016).

“O objetivo principal do evento é sensibilizar à sociedade portuguesa e às mulheres sobre o tema da violência doméstica, a partir de uma proposta estética-simbólica e até poética”, explica a promotora da iniciativa, Martha Patricia Chaves Rodriguez.

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“A programação inicia-se na sexta-feira, dia 24 de fevereiro, das 19h30 às 22h00, com um Jantar de angariação de fundos para a realização da performance artística, na Casa da Beira Alta, Rua de Santa Catarina, 147, 1° – Porto. Valor: 20 euros (não inclui as bebidas e as sobremesas) e, também, vamos arrecadar donativos. A programação continua com uma palestra no dia 3 de março sobre o que é e não é o 8 de março, além de Danças Circulares com Alvaro Pantoja para dar as boas vindas à artista Beth. Também haverá um workshop e palestras sobre o tema que a Beth realizará com artistas portugueses e público específico”, diz Martha.

É a primeira vez que a artista plástica brasileira Beth Moysés, natural de São Paulo, fará sua performance em Portugal. Ela pretende trabalhar com dois grupos de mulheres, as que vivem em Casas Abrigo que participarão de forma anónima, e as mulheres que vivenciaram a violência, através dos seus pais, amigas, vizinhas e têm o ideal de transformação na vida dessas mulheres.

Beth revela sobre os bastidores. “O processo da performance é talvez mais significativo, do que quando a ação acontece de fato. As mulheres da Casa Abrigo participarão de um workshop e, depois, o resultado desse trabalho se integra a performance”.

Todo trabalho é poético, fala das águas transitórias que, como diz Heráclito: “Não nos banhamos duas vezes no mesmo rio”, refletindo no que é temporário.

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Muda de Romã Gigante (imagem da internet)

As 20 mulheres que irão participar efetivamente da performance, vão plantar 20 árvores de romã, símbolo do amor e da fertilidade. Quando terminarem a plantação, essas árvores serão regadas pelas águas do rio Douro. Depois destas águas serem retiradas do rio, serão energizadas pelas mulheres da Casa Abrigo, transmutadas com seus desejos de coragem, ânimo e força para um novo recomeço.

“É sempre um risco, uma surpresa, por mais que eu faça a mesma performance em outro lugar, sempre existe um desafio. Nunca é igual, pois as paisagens, as mulheres e a cultura são diferentes”, destaca a artista plástica.

Geralmente as mulheres que participam deixam depoimentos, muitas comentam ao término do trabalho, outras relatam por email e algumas até choram. O importante é a força do trabalho coletivo e o retorno delas que é sempre lindo e emocionante.

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Desatar Tiempos: performance Cartagena de las Indias, Colombia, 2014

Beth tem vários projetos no Brasil e pelo Mundo, mas não faz só performance, sempre busca um recurso que expresse melhor o seu trabalho, como:  foto, vídeo, objeto, instalação, performance e som.

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Bandeira do Brasil, 5565 mulheres. Número de mulheres que morreram em 2013. Objeto, feito de vidro, cápsulas de bala e pedaços de vestido de noiva, 2013 (imagem de arquivo pessoal)

Para ela, a sua mais famosa performance foi “Memória do Afeto”, em Madrid (2002). Duzentas mulheres vestidas de noiva caminharam pelo ‘Passeo del Prado’, inclusive houve muita repercussão.

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“Memória do Afeto”, 25/11/2000 (imagem de arquivo pessoal)

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“Memória do Afeto”, 25/06/2002 (imagem de arquivo pessoal)

Performance “Águas transitórias”, de Beth Moysés. com mulheres de verdade, não atrizes, que lutam pela igualdade de género. Vale a pena prestigiar, pela primeira vez na Cidade do Porto, em Portugal.

O QUE É: Performance “Águas transitórias”, da artista plástica Beth Moysés. Primeira vez em Portugal!

QUANDO: Dia 07 de março (terça-feira), às 15h, no claustro da Biblioteca Pública Municipal do Porto. Entrada gratuita.

Mais informações:

Martha Patricia Chaves Rodriguez (Promotora da iniciativa) 917 369 328

 

Comité organizador da iniciativa

Martha Patricia Chaves Rodriguez (Promotora da iniciativa), Terapeuta psico-corporal, investigadora e doutoranda em Psicologia da FPCEUP.

UMAR- Maria José Magalhães, presidente e investigadora da FPCEUP. Cátia Pontedeira, criminóloga e Ana Paula Canotilho, artista plástica.

Brands in Motion- Isaura Santos e Cristina Sousa, Comunicação e imagem.

Confraria Vermelha Livraria das Mulheres- Aida Suárez Gutierrez, fundadora.

Associação Mais Brasil- Adriana Dihl, presidente.

Cinthia Prado, pedagoga e colaboradora.

Beth Moysés- Artista Plástica Brasileira

A artista é formada em Artes Plásticas (Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, São Paulo- SP, Brasil, 1979-1983), especializada em Comunicação Visual, Mestrado em Artes (Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Campinas- SP, Brasil, 1999-2004) e Doutoramento em Comunicação e Semiótica (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC, São Paulo- SP, Brasil).

Possui um atelier em São Paulo desde 1993 tendo, no ano seguinte, abandonado a pintura, dedicando-se ao uso e experimentação de materiais que se relacionam com o afeto, apropriando-se do vestido de noiva como símbolo da fantasia da mulher. Beth Moysés é representada pela galeria Thomas Cohn e professora da FAAP, em São Paulo.

Principais exposições individuais:

2013 “Hilo Conductor” AJG Contemporary Art Gallery, Sevilla, España. 2012 Performance pública “Removiendo el Dolor” San Carlos, Uruguay.// Performance pública “Removiendo el Dolor” Aiguá, Uruguay.// Performance pública “Removiendo el Dolor” Pan de azucar, Uruguay.// Performance pública “Removiendo el Dolor” Piriápolis, Uruguay.// Performance pública “Diluídas en Agua” Maldonado, Uruguay.//“Take care of yourself” Senac lapa – São Paulo, Brasil.// Performance pública “ Removing Pain” São Paulo, Instituto Cervantes, Brasil. 2011 “Herencia de mi Padre” Galería Fernando Pradilla, Madrid, España.// “Diluídas em Água” – Performance , Projeto “Bem Querer Mulher” // Pinacoteca do Estado de São Paulo. São Paulo, S.P. – Brasil. 2010 “Removing Pain” Performance – Instalação – (25 de Novembro 2010) ( International Day for the Elimination of Violence Against Women)The University of Dublin, Trinity College Dublin, Irlanda. // “Mujeres Veladas” “ Galería Adora Calvo – Salamanca – España.// “Recuerdos Velados” Performance pública – ( Dia Internacional de La Mujer Organização Fundación Artéria – Bogotá, Colombia. // “Afterwards” – The Sycamore – Dublin, Irlanda. “Diluidas en Água” – Performance en La Plaza Mayor – 5º Festival de Las Artes de Castilla y León – Salamanca – España. (2009); “Miedo” – Performance – Enterramiento de un trabajo en El Cemeterio de los artistas – Morille – España. (2009). 2008 “Lembranças Veladas” Performance – Zendai MoMA – Shanghai – China.// “ Diluídas en Agua” Casa de La Mujer – Zaragoza, España.// ” Diluidas en Agua” Performance – Expo 2008 Zaragoza – España.// ” Y Pasa ” Performance – Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) – Madrid – España.// “Despierta” – Galería Weber Lutgen – Sevilla – España. 2007 “Lecho Rojo” – performance – Centro Párraga – Murcia – España.// “ENTRE- ROJOS”- Galeria Adora Calvo – Salamanca – España.// “Lecho Rojo” – performance – Museo Domus Artium 2002 – 3º Festival Internacional de Las Artes de Castilla y León – Salamanca – España// ” Reconstruindo Sonhos” – performance – Cáceres – España.// “Lecho Rojo” – performance – Centro Andaluz de arte Contemporáneo Cartuja , Sevilla – España.// ”Auscúltame” – Galería Fernando Pradilla – Madrid – España. 2006 “Cómo Cambiar el Amor”- EspaiQuatre – Casal Solleric – Palma de Mallorca. España. 2005 “Reconstruindo Sonhos” – performance – Montevideo – Uruguay.//” Memória do Afeto” – performance – Sevilla – España.// ” Reconstruindo Sonhos” – performance – Las Palmas – Gran Canaria. España.

https://www.youtube.com/watch?v=O3iYfSfcds0

Principais prémios e colecções:

Modern and contemporary art at Trinity College Dublin, Ireland. (2010); Coleção Museo de Bellas Artes de Santander – Espanha. (2008); Coleção MEIAC, Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo, Espanha. (2008); Coleção DA2 Museu Domus Artium – Salamanca – España. (2007).

 

Agradecimentos:

Muito obrigada Adriana Dihl Moraes (Presidente da Associação Mais Brasil) e Isaura Santos (Relações Públicas da Brands in Motion).

Amei bater um papo e entrevistar a Beth Moysés (Artista Plástica Brasileira) e Martha Chaves (Promotora da iniciativa). 

#Dica Menina Cintilante
Vládia Rachel Coelho
vladiacoelho@hotmail.com